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As vésperas
do dia do Desafio, a tensão era alta. Vários sentimentos estavam envolvidos
como a ansiedade da largada, o medo de quebrar (lesão) na prova e a alegria de
ter encarado essa jornada. Você já deve ter vivido alguns momentos de tensão na
sua vida, os piores, na minha opinião, são aqueles com data marcada. Você sabe
que no dia “x” tal coisa vai acontecer e é inevitável não pensar nisso. Quer
fazer um teste rápido? Pense num elefante rosa, mentalize detalhes da imagem.
Agora pare de pensar no elefante rosa. Conseguiu? Se sim, parabéns, você possui
um auto controle muito bom.
O
que mais preocupa, sem dúvidas, é o psicológico. Muitas pessoas me falaram que
correr uma maratona é 70% mental e somente 30% físico. Alguns arriscaram a
dizer que chega a ser 90% mental. Na semana que antecedeu a maratona, tive a
sorte de estar de férias. Pude parar e esvaziar a mente, conversar com amigos
que já viveram essa experiência (alguns até ultramaratonas). Recebi deles uma
“injeção” de gás, de motivação! O conselho que mais marcou foi do meu amigo
Alemão, que me disse num almoço: “[...] te diverte na prova!”. Aproveitei toda essa carga
emocional para curtir cada momento dessa reta final e refletir.
A
sexta era uma data muito importante para a Ali e eu, Dia dos Namorados.
Diferente do último ano em que saímos para jantar, neste ganhei o maior
presente, o carinho dela em entender o meu momento e ainda preparar o jantar. Aproveitamos
para conversar um pouco, curtir um ao outro. Ao longo dessa trajetória, sem
ela, sem dúvidas, não chegaria ao final. Minha maior apoiadora e com quem
sempre pude partilhar e receber os conselhos certos.
O sábado
começou diferente, logo quando acordei decidi pôr o celular em modo avião.
Avisei os amigos que, se alguém precisasse falar comigo, estaria com a Ali, era
só contatar ela. Procurei manter a mente ocupada e logo cedo saímos para
comprar algumas coisas que faltavam. Nosso tour começou pela loja de suplemento
da SNC no Parcão. Foi muito bom encontrar outros runners e poder conversar um
pouco. Depois demos um pulo na loja de equipamentos esportivos Quallys para
comprar um canelito, lembrei na sexta que o meu tinha dado para o meu amigo
Christian. Pausa para um almoço em família. Fomos na casa dos dindos dela,
Marta e Zé, um momento especial. Me senti muito parte da família com todos
perguntando sobre a prova que ia ser no dia seguinte. Recebi o carinho e o zelo
de todos. O tio Zé ainda brincou que a feijoada ia dar o gás final da prova! Ficou
a promessa que pós prova ainda íamos comemorar com a cerveja artesanal que ele
faz. Alegria e boas risadas no meio de um turbilhão de sentimentos.
À tarde,
fechamos o tour indo ao supermercado. Lá, combinei de encontrar meu amigo
Tiaguinho. Brinco que ele é o meu “poder superior”, no sentido de ser alguém
que me traz muita segurança. Ele seria meu staff na prova e peça fundamental em
todo o planejamento feito pelo meu treinador e amigo, Vini. Encontramos ele já
no final das compras e fomos para a praça de alimentação do shopping. A ideia
desse encontro era acertarmos os últimos detalhes, vendo o mapa do percurso e
fazer a última tarefa que o Vini tinha me passado: fazer a prova mentalmente
pensando em cada km da prova. Entreguei a ele a suplementação e hidratação com
o planejamento km a km montado pelo Vini e pensei “agora não resta mais nada a
se fazer”. Aproveitei que ele teve que voltar ao supermercado e a emoção tomou
conta de uma forma que não controlei e desabei a chorar Para me confortar
estava a Ali, o melhor abraço do mundo!
Para
fechar a noite, rolou ainda jantinha especial, o famoso jantar de massas. O
melhor, foi feito pelo melhor mestre-cuca da cidade, a Ali! A escolha do tipo
da massa foi a minha preferida, fusilli longo. Só encontro num restaurante em
Porto Alegre, mas lá não tem o melhor tempero, o amor! Organizei tudo que ia
precisar para a prova e fui tentar dormir. Cabeça a mil por hora. Aos poucos
fui relaxando e apaguei. A Ali ainda ia ficar acordada terminando de fazer
algumas coisas para o dia seguinte, sem entender o que ainda teria para
organizar dormi. No dia seguinte... Ah, essa parte fica para semana que vem!
Até
a próxima semana!